No entanto é preciso um olhar mais carinhoso sobre o trabalho
realizado em escolas e conservatórios de música, sem o qual o ensino de música
no país se encontraria em um estado ainda mais lastimável. Destaco, aqui, o
trabalho da grande educadora Maria Lucia Diniz, que hoje exerce suas atividades
presidindo o Projeto Música e Vida, em Boa Esperança (MG), e no Conservatório
da Vila Mariana (SP), mas que há décadas tem formado artistas, professores e
cidadãos gabaritados.
Uma característica que lhe é peculiar é a sensibilidade para
observar o potencial de cada aluno que por ela passa. Daí os grandes desafios
que propõe a cada aluno, cujo talento é moldado paciente e cuidadosamente; também
o intelecto e a sensibilidade são estimulados, instigados, provocados, ou seja,
nenhum aluno fica passivo ou mero espectador diante da música. Para mim, seu
trabalho didático, que combina responsabilidade pedagógica e ousadia, tem a
mesma importância que o material elaborado por Almeida Prado e a obra de José
Eduardo Gramani. Como estes, também Maria Lucia é profunda conhecedora de música erudita e popular.
Ninguém e nenhum talento são por ela desprezados, sejam alunos ou
professores. Por isso, devo-lhe minha eterna gratidão por me acolher, isso há
vinte e cinco anos, como professor de violão e bandolim na inesquecível PRO
MUSICA – Escola de Arte, uma verdadeira usina de música, educação, arte e
cultura em São Paulo. Ali, sem dúvida, aprendi a dar aula.
Na última quarta-feira, 12 de maio, tive o privilégio de participar
de um sarau que ela organizou e realizou no Conservatório da Vila Mariana.
Aliás, tive a honra de abri-lo, tocando Villa-Lobos e uma pequena peça que
escrevi em 1987.
O que veio a seguir foi extremamente agradável! Em tudo, sentia-se
a mão da pedagoga: a interpretação, a preocupação com dados históricos, a
escolha do repertório, o prazer de fazer música com os meios que estivessem à
disposição!
Participaram: Bianca Maretti e Thales Paiva, piano; Diego Lima,
composição; Ricardo Martins, voz; Rodrigo Barbosa e Elio Ravagnani Filho,
violões; Roberto Rossi, flauta; Aline Evangelista e Deocacir Menezes, violinos.
Todos transmitiram uma vibração muito boa, uma chama vívida, alentadora,
que deverá redundar na expansão de práticas musicais salutares sem distinção
entre iniciantes, iniciados e experientes. A resposta para qual será o papel
que exercerão no meio musical só o tempo dirá, mas é certo que podem se
considerar agraciados por terem a orientadora que têm. Arrisco-me, porém, a
dizer que juntos formariam um interessantíssimo conjunto de câmara!
Por esse panorama que se afigura pelos lados da Vila Mariana, Maria
Lucia Diniz, alunos, corpo docente e direção do conservatório são dignos dos
mais calorosos aplausos!
Bravo!